Releituras


Saiba quem foi Niobe Xandó.


Tive que me desprender de várias amarras para conseguir traduzir o estilo de Niobe Xandó no meu projeto de scrap, pois é muito diferente de tudo o que eu produzo. 

A primeira dificuldade foi trabalhar no plano, pois no scrap a gente acaba aprendendo a amar camadas e mais camadas. 

Depois a questão das linhas e das formas. Encontrar a direção e o alinhamento entre todos os elementos. 

A outra parte difícil foi fechar o projeto. Tenho que admitir que sou meio "over". Adoro ir colocando mais uma coisinha aqui, outra ali, e quando vejo a página está lotada. Ser objetiva, simples e direta foi difícil. No entanto, sabia que mesmo com poucos elementos, a página estava completa. A intenção estava posta, retratada. Nada mais precisava ser feito.        

Enfim, este foi um exercício e tanto. Por mais que tenha tentado me aproximar, não cheguei nem perto da harmonia e da ousadia de Niobe, mas valeu!


Depois de ver, ler e conhecer o trabalho de Niobe Xandó, estava decidida que usaria elementos geométricos no meu projeto. Quando me deparei com este papel da Cosmo Cricket sabia que funcionaria bem. Foi um achado, pois sua composição se aproxima bastante do estilo de Niobe.

Usei papéis Color Plus, 180g, A4, nas cores vermelho, bege médio e preto para criar as formas sobrepostas. Como não tinha a cor verde, passei carimbeira Color Box para dar o tom desejada no papel. Deu super certo. 

Escolhi a foto do trote do meu filho, que passou no vestibular final de 2012. Achei que a cara pintada combinaria bem com o projeto. Depois recortei a foto acompanhando as linhas e as formas dos demais elementos.

Veja os detalhes:        


Como dizem os críticos, Niobe imprimia uma caligrafia própria na sua arte. Uma mistura de elementos geométricos, linhas e cores, combinados sem rigidez e ao mesmo tempo sugerindo formas e encaixes perfeitos.  





A influência das culturas africana e indígena no trabalho de Niobe é um traço marcante, que fez com que muitas vezes a artista fosse chamada de primitiva.  


Niobe brinca com as formas como uma criança brinca com seu quebra cabeça. Só pela sua assinatura pode-se perceber sua alma pura, repleta de encantamento.


Conheça melhor a vida e a obra de Niobe Nogueira Xandó Bloch (1915-2010).







A primeira RELEITURA do blog é da obra de Frida Kahlo. Uma artista irreverente, rebelde, contraditória, desafiadora e passional. A inspiração veio da designer Drica Agni, que está sempre pronta a encarar uma aventura, como a parceria comigo para a criação dos vídeos deste blog, e que é apaixonada pela Frida.  

Fiz três projetos, ou melhor “releituras”. Foi bastante desafiador para mim. O estilo de Frida não tem nada a ver comigo. Drica aparece nas fotos, usando uma camiseta com um dos muitos autorretratos pintados pela artista.


Nessa ”releitura” procurei destacar a Frida mulher, sempre usando flores na cabeça. O temperamento forte é evidenciado por sua preferência pelo vermelho. 




Fiz uma interpretação mais contemporânea nessa “releitura” das obras de Frida. A composição carregada de elementos e a mistura de cores fazem parte do estilo da artista. Embora aqui esteja representada de uma forma muito mais leve e alegre. No seu diário Frida comenta sobre as cores: o amarelo significa "loucura", o verde "tépida e boa luz". O vermelho, "sangue, talvez".




O terceiro projeto representa o lado artístico da Frida na cozinha. Em página dupla, no formato 20x20, para incluir no meu livro de receitas, preservei as referências de Frida Kahlo. Destaquei o verde e o vermelho, cores da bandeira do México e as flores, presentes na obra da artista. Preparei uma receita de Guacamole com pimenta chipotle, tirada do livro Frida´s Fiestas – Recipes and Reminiscences of Life with Frida Kahlo, escrito por Guadalupe Rivera, filha de Diego Rivera, e Marie-Pierre Colle. Vale a pena experimentar. 
Segue abaixo um resumo despretensioso de quem foi Frida Kahlo.

FRIDA KAHLO
1907 - 1954

       A vida turbulenta e sofrida não impediu que Frida Kahlo vivesse intensamente. Uma mulher marcada pela dor e a paixão. De personalidade forte, irreverente e determinada, Frida Kahlo desde muito cedo se diferenciava das mulheres da sua época. Dona de uma beleza híbrida, dividida entre a feminilidade e os traços de uma masculinidade de quem desafia a própria sorte. Como uma linha intencional para dar forma a um desenho, as sobrancelhas unidas no meio tornaram-se a marca pessoal de Frida Kahlo.             
      Frida nasceu no dia 6 de julho de 1907, em Coyoacán, um subúrbio da Cidade do México. Ainda era um bebê quando estourou a Revolução Mexicana (1910-1920), que pretendia implantar mudanças radicais na estrutura social do país. Esse evento marcou Frida de tal maneira, que propagava que ela e o Novo México tinham nascido ao mesmo tempo. Demonstrando, sem qualquer sutileza, seu espírito revolucionário, mais do que presente na sua obra.    

       Em 17 de setembro de 1925, voltando da escola acompanhada do seu namorado, Alejandro Gómez Arias, sofreu um acidente terrível. O autocarro em que estava se chocou com um eléctrico. Muitos morreram na hora, mas reforçando seu caráter forte e obstinação, Frida sobreviveu. Após três meses de cama, foi e voltou para o hospital várias vezes. Usou coletes de gesso e provou o cárcere, ficando completamente imobilizada na cama. Foi nesse momento em que Frida começou a pintar. Primeiro como uma forma de ocupar o tempo. Depois como um desabafo. Um grito de desespero, que por meio da imagem era capaz de ser ouvido.  Talvez tenha encontrado uma forma de intervir na dura realidade a que estava exposta pelo resto dos seus dias. 

       A contraposição e a multiplicidade dos elementos reforça a rudeza das representações ao mesmo tempo em que estampa uma alegria irônica nas cores pinceladas. Sem medo de desafiar as regras, a falta de perspectiva é uma marca do trabalho de Frida. Ler uma obra de Frida Kahlo é como se defrontar com o caos. Um misto de vanguarda e surreal. Embora não gostasse de ser vista como uma artista surrealista - “Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade.”

      Gostava de pintar o autorretrato das formas mais variadas possíveis. Quando questionada sobre isso, Frida respondia sem pretensão alguma: "Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor". O autorretrato – The Frame – foi o primeiro trabalho de um artista mexicano do século XX a ser adquirido pelo Louvre. As Duas Fridas, obra que retrata a dor da separação do amado, o pintor Diego Rivera, revela duas personalidades diferentes. A Frida mexicana, representada com roupas tehuana, e a Frida com um vestido estilo europeu. Ambas estão com os corações expostos e ligados por uma artéria.

       Jamais desprovida de crítica, a obra de Frida contém uma mensagem política inerente. Para ela a arte era um instrumento para extravasar emoções. Era tão intensa, sem papas na língua, blasfemava contra tudo e contra todos, sem temer represálias. Em Paris (janeiro, 1939), quando foi participar de uma exposição, chamou os artistas surrealistas de “bandos de malucos e filhos da mãe”. Do mesmo modo, achincalhava os cirurgiões que dela cuidaram. Por outro lado, era meiga, dócil e apaixonada. Seu amor pelos animais pode ser percebido em diversas obras. Frida e Diego viviam rodeados de animais de estimação.

       Sua relação com a comida era tão forte quanto com a arte. Suas festas e refeições eram famosas. Assim como fazia na pintura, quando representava a natureza morta, as cores vibrantes estavam presentes nos pratos que preparava, geralmente de sabores fortes e marcantes. A culinária era uma mais uma forma de Frida extravasar seu potencial criativo. Além de manter os laços com sua terra natal.

       Em agosto de 1953, Frida teve uma perna amputada até o joelho, o que a levou a cair numa depressão profunda. Guerreira como sempre, cinco meses depois já percorria pequenas distâncias com uma perna artificial, mas seu quadro físico foi se agravando e faleceu na noite de 12 para 13 de julho de 1954, de embolia pulmonar.

       Sua obra reflete a dor e a paixão de ter sido Frida Kahlo. No seu diário entendemos melhor sua relação com a arte. Frida escreveu: “Pintar completou a minha vida. Perdi três filhos e uma série de outras coisas, que teriam preenchido a minha vida pavorosa. Minha pintura tomou o lugar de tudo isso.”  

Convido você a fazer a sua releitura
das obras de Frida Kahlo.

Um comentário:

Paty Molina Scrapbook disse...

Linda escolha. Amo a Frida como artista e ser humano que se reinventou a cada momento da sua história. Você podia lançar uns desafios de inspiração com os artistas da releitura.
bjkas da Paty

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